Desconexa (2)
Vou te contar um segredo. Aqui mesmo, no meio de todo mundo. É o melhor jeito de ninguém prestar atenção no que estamos fazendo.
Não faz muito tempo, eu tinha freqüentemente a sensação de que minha vida era um teatro. Pronto, falei. Era assim, às vezes eu estava fazendo as coisas mais banais, como tirar o almoço do forno e eu sentia ao mesmo tempo que eu estava assistindo à minha própria vida de fora. Tinha certeza de que minhas falas, nos próximos minutos, eram pré-definidas.
A sensação não durava mais que alguns segundos, mas me deixava atordoada por um bom tempo, olhando para pais e amigos, sem saber o que era verdadeiro. Até hoje lembro exatamente como era.
Ontem percebi que nunca mais senti essa desconexão. Será que me conformei com a vida, me adaptei? Talvez a Rotina, aquela destruidora de paixões, tenha me anestesiado, ou talvez a vida de cientista tenha me acorrentado ao chão.
Não sei porque fui lembrar disso hoje. Mas a estranheza ficou, um amargo na boca depois da sobremesa, que destoa do dia ensolarado lá fora. Sem saber o que fazer, levantei e fui fazer almoço.
3 Comments:
At 00:54, Anonymous said…
tenho essa sensação também, de vez em quando. (tem uma comunidade pra isso: minha vida é o show de truman, algo assim!)
mas é chato mesmo, o automatismo. mas pelo menos a gente ainda percebe quando entrou nele. porque aí dá pra tentar sair, pelo menos um pouco.
beijobeijo
At 13:22, Anonymous said…
Eu te amo =***
At 01:59, Anonymous said…
A gente se pensa, mas não se vê...
Vezes acontece ao contrário...
A dialética de existir é sempre tão angustiante.]
beijo e saudade!
dri
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