solid words, liquid thoughts

cuca fundida.

Monday, July 30, 2007

Acabei o Harry Potter 7 e agora não sei o que faço...

Saturday, June 23, 2007

Agora chovem gotas multicoloridas de perfume inebriante, vindas em espiral de todas as direções. Seu mundo virou de cabeça para baixo e ela não sabe mais para que lado fica o céu e se seus pés ainda tocam o chão.

:)

Wednesday, May 16, 2007

devo dizer que após três semanas de espera e alguns pingos indecisos, Isabela desistiu de esperar e foi brincar na poeira da sua terra semi-árida.

Saturday, May 05, 2007

Bela e a chuva

Isabela quis sair naquele dia cinza de tempo instável. Suas amigas lhe avisaram que quem sai na chuva costuma se molhar. Então ela resolveu sair sem guarda-chuva.

Ela já havia saído em outras tempestades e ficado gripada e tristonha após o fim das chuvas gélidas. Mas Isabela sabia que enquanto chovesse, valia a pena se encharcar.

Todas as gripes do mundo valiam aquele instante eterno de alegria. Alegria que a fazia dançar debaixo das gotas cristalinas enquanto o calor emanava da terra seca aliviada.

Isabela sabia tudo isso, mas o dia continuava com aquela cara de quem não sabe se chove ou não chove, então ela sentou no banco da praça para esperar os primeiros pingos que lhe trariam alegria.

Com as horas, a noite caiu e o céu continuava indeciso, enquanto Isabela continuava sentada no banco da praça.

Isabela ainda está esperando a chuva.

Afasia

Ela me disse que tinha dias em que o mundo era tão lindo que doía. E eu fiquei sem saber se deveria abraçá-la. Na minha hesitação, o momento passou, ela se despediu e foi embora.

Quis correr atrás dela e explicar que a vulnerabilidade é um sentimento que nos deixa sozinhos e transparentes sob holofotes no meio da multidão. Mais do que temer ser transpassada pelo seu olhar, tive medo de ser compreendida. Medo de que alguém que estivesse passando por ali percebesse como é fácil me desmontar, por mais que eu finja estar por cima da situação.

Quis lhe dizer que eu também tenho medo do futuro, a ponto de doer a garganta, mas ao mesmo tempo tenho uma fé no porvir. Deve ser a única fé que tenho, daquelas pessoas que esperam uma chegada de data incerta, que pode nunca vir.

Mas na hora eu fiquei paralisada, a garganta deu nó e eu não disse nada.

Odeio quando isso acontece.

Tuesday, April 03, 2007

something is trying to tell me someone

nos últimos três dias, fatos e pessoas tem me lembrado assuntos que são melhores enterrados. credo.

Saturday, December 16, 2006

Joaninha com saudades

Joaninha pequenina nascera na erva florida, mas um dia descobriu que havia outras flores tão ou mais belas em outras ervas, arbustos e árvores. Descobriu também que era capaz de voar até as novas flores com seu par de asinhas finas, escondidas embaixo do par duro, vermelho com bolinhas pretas.

Já Lagartona não saía nunca da erva florida, mesmo sendo tão grande e mais velho que Joaninha. Ele não podia voar. Lagartona era legal, mas havia dias em que ele se enrolava num cartucho de folhas e seda e se recusava a falar com todo mundo. Ninguém sabia o que passava pela sua mente naquele quartinho escuro e esses dias eram sombrios. Mesmo assim Joaninha gostava de Lagartona.

Com o tempo, as asinhas finas de Joaninha se fortaleceram e ela passou a voar cada vez mais longe. Pensava bastante em Lagartona, mesmo com a distância e pouca conversa. Planejava visitá-lo quando terminasse de explorar a belíssima flor de maracujá que encontrou em seu caminho e com a qual está fascinada há algum tempo.

Um dia veio a notícia de que Lagartona se foi. Ele virou borboleta invisível e voou para onde Joaninha ainda não podia seguir. Naqueles dias choveu muito, temporais repentinos e persistentes. Com o tempo o sol voltou a brilhar.

De vez em quando ainda chove e Joaninha fica murcha, lembrando de Lagartona. Mas ela sabe que a vida é assim mesmo, uns vão e outros ficam com a Saudade, ora apertada, ora branda. Sabe também que um dia será a sua vez de voar invisível e deixar alguém para trás com a Saudade como companheira.

Monday, November 27, 2006

Dessincronizada

Tentei te enviar um bilhetinho escrito no guardanapo da lanchonete, mas você não viu. Já tinha pago a conta. Tomou um último gole do guaraná e colocou o copo em cima do guardanapo que o garçom deixou na mesa junto com seu troco. O copo suava e borrou minha letra no papel. Devolvi a Bic azul emprestada para a senhora com o neto e agradeci.

O bilhete era resposta ao seu recado escrito no vidro embaçado da minha janela durante a chuva. Mas eu estava cozinhando o jantar e ouvindo Ray Charles e não reparei. Tudo bem, fica para a próxima.

Dia desses, você me chamou do outro lado da rua, mas eu não percebi. Meu ônibus havia chegado e você sabe que eu moro longe. Tentei compensar te mandando uma canção de bem-te-vi, mas a banda começou a tocar e ninguém ouviu o pobrezinho.

Resolvemos então tomar café com bolinho de chuva naquela tarde e também não deu certo. Meu relógio marcava seis da tarde e no seu ainda eram três e quinze.

Às vezes parece que o baile acaba antes de começar.