Texto de 16/07/06
De lua
Eu tenho duas eus. Ta, na verdade eu tenho muitas, mas para o propósito desse texto, vamos considerar que são apenas duas. Uma classificação não exclui necessariamente a outra.
Eu gosto de chamá-las de a Passional e a Racional. Elas estão sempre brigando pela dominância dentro de Mim. Mim é como chamo o conjunto todo (sinapses, carne e espírito abstrato) que habita esse mundo e interage com ele.
É fácil saber quando a Racional está no comando, ela é a cientista fria e calculista, a observadora distante (na medida do possível) do comportamento desses animais que esquecem que o são, os tais dos humanos. Seu humor é ácido, cruel e certeiro.
Já a Passional é mais mutável. Ela chora (muito), ri mais ainda, sente raiva num grau que a consome, causando dor no estômago e garganta inflamada na pobre de Mim e paixão de tremer, perder a fome e suar frio.
Funciona assim: quando Mim sofre um choque moderado, desses quase cotidianos, a Passional toma conta de Mim, intensificando suas percepções astronomicamente até a Racional voltar ao páreo. Quando o choque ultrapassa o limite do suportável, a Racional é soberana e as percepções de Mim se reduzem ao nível basal de sobrevivência até a Passional voltar a si.
E assim se estabelece um ciclo contínuo, de altos e baixos, esquerdas e direitas, girando em torno de um eixo de equilíbrio em rotação.
Dizem por aí que essa tal de Mim não tem um humor muito estável. Mentira, é apenas uma questão de se distanciar o suficiente para poder ver que o equilíbrio é dinâmico.
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