Dessincronizada
Tentei te enviar um bilhetinho escrito no guardanapo da lanchonete, mas você não viu. Já tinha pago a conta. Tomou um último gole do guaraná e colocou o copo em cima do guardanapo que o garçom deixou na mesa junto com seu troco. O copo suava e borrou minha letra no papel. Devolvi a Bic azul emprestada para a senhora com o neto e agradeci.
O bilhete era resposta ao seu recado escrito no vidro embaçado da minha janela durante a chuva. Mas eu estava cozinhando o jantar e ouvindo Ray Charles e não reparei. Tudo bem, fica para a próxima.
Dia desses, você me chamou do outro lado da rua, mas eu não percebi. Meu ônibus havia chegado e você sabe que eu moro longe. Tentei compensar te mandando uma canção de bem-te-vi, mas a banda começou a tocar e ninguém ouviu o pobrezinho.
Resolvemos então tomar café com bolinho de chuva naquela tarde e também não deu certo. Meu relógio marcava seis da tarde e no seu ainda eram três e quinze.
6 Comments:
At 18:12, Anonymous said…
dissonâncias produzem boas músicas!
At 23:25, b4 said…
Gostei muito de seu texto!
At 19:13, Unknown said…
as melhores...diria eu
At 22:49, Mari said…
não sei, às vezes produzem cacofonia...
At 03:51, miudagens said…
eu AMEI esse texto, mariana! sério mesmo!
caramba, muito lindo, tô toda arrepiada!
At 03:52, miudagens said…
e vc colocou a minha aaaaarte!
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